quarta-feira, 24 de junho de 2009

Considerações Sobre A Manipulação da Mídia E Sua Relação Com A Elite Empresarial no Brasil

Por Edilaine C. Prado*

A esquerda não morreu, continua muito viva e incomodando o capital. Isso pode ser evidenciado, nas tentativas desesperadas, de forma explicita e desavergonhada dos representantes do capital contra qualquer movimento social. Isso demonstra que reconhecem haver fragilidades neste sistema, oriundos das grandes distorções no qual se sustenta o capitalismo. Atacam de forma despudorada qualquer opinião, posição contraria aos interesses do capital. Não faz muito, o jornalista Boris Casoy, disse em seu telejornal, que o atraso brasileiro é devido a ainda existirem neste país, militantes do comunismo, ao se referir a Oscar Niemayer. E ainda a mídia nacional, tem coragem de dizer que é imparcial e que defende a liberdade de expressão. Isso sem contar as distorções criadas a cerca de Gilmar Mendes, do delegado Protogenes e outros tantos casos de grande demonstração de inversão de valores que só vem a confirmar o seu caráter partidário.

Mas o que mais tem chamado a atenção, é que ela tem demonstrado de forma sutil mas não menos perversa que esta sim a serviço do capital, como não poderia deixar de ser, pois, trata-se por si só o grande capital. Atuando de forma inescrupulosa através de concessões, que só são possíveis, porque são sustentadas pela elite que manda e desmanda,e que a muito vem sugando o Brasil, reforçam seu poder através da influencias da opinião publica nos meios de comunicação.

Frequentemente tem havido uma tentativa, que dado o nível de alienação, educação e ausência de oposição forte tem sido bem sucedida, de anestesiar as revoltas populares que a crise poderia desencadear – obedecendo a cartilha de interesses liberais, a mídia, TV por concessão, fazendo parecer que o desemprego é opcional, que o mercado não rejeita bons profissionais, então de certa forma emprego tem, o que falta é o profissional bem qualificado, que não é bem no sentido de escolaridade, ou capacitação profissional, é de características muitas vezes psicológicas. Como cada pessoa é diferente uma das outras, as pessoas que não atendem a exigências muitas vezes absurdas é excluída, alias, excluir é a base do sistema capitalista. Ele precisa constantemente criar desigualdades e desequilíbrios, para se sustentar – assim, não possuir as características que o mercado exige é considerado uma incompetência. Programas como “O aprendiz-universitário” ou qualquer que seja, podem evidenciar este aspecto.

Outro aspecto relevante é o fato de se dar voz ativa somente a um dos lados da grande luta desigual “trabalho e capital” evidentemente para o lado mais forte, o do capital. As justificativas apresentadas por Paulo Skaf, têm sido reproduzidas como verdades absolutas. Parecem querer nos fazer acreditar em uma figura angelical para o empresariado brasileiro, como se esquecêssemos de toda a herança histórica da trajetória da industrialização e criação desta elite brasileira.

Um aspecto interessante é a busca da quebra de valores na tentativa de ascender a selvageria humana, assim fazendo a justificação dos meios para explicar os fins. Parece ter no individualismo seu maior lema - quase como os clássicos queriam o egoísmo como algo bom para todos - quer por em pé de igualdade empresas e trabalhadores. Todos buscando o seu melhor, oferecem o melhor, e obtém o melhor. Se isso é verdade aquele que não tem é devido a não ofereceu o melhor, isso justifica tudo na visão clássica, os outros não passam de incompetentes. Mas se é verdade o egoísmo humano, os empresários lidera a aplicação do egoísmo, invictos, não seriam eles a pensar nos seus empregados, o grande comprometimento que as empresas tem é com seus lucros.

Diferentemente do que quer Boris Casoy, o atraso brasileiro, esta na verdade intimamente ligada a incompetência das empresas brasileiras, dos empresários brasileiros. Muitos apontam o padrão de industrialização, o grande problema, a substituição de importação, que consiste em produzir internamente o que antes se importava. Mas antes disso, penso que devemos nos atentar que não só o padrão nos leva a essa situação, mas também, a elite nacional, aqueles que sempre mandaram no país, nomes repetidos eleição pos eleição.

Todo inicio de industrialização é protegida pelo Estado, o que é chamado na literatura de proteção da indústria nascente, que se justifica ao fato de que a indústria que nasce, esta em desvantagem as demais já consolidadas no mercado mundial. Então para que possa existir, o Estado estabelece barreiras tarifarias e não tarifarias a fim de não expor a recente indústria a concorrência externa.
A teoria industrial diz que isso deve ocorrer até que esta indústria, através de ganhos de escala, possa se modernizar, até chegar próximo dos padrões internacionais. Fato é que as empresas por serem protegidas, se sentem numa zona de conforto, não se modernizam. Então o papel do Estado é de cobrar uma postura mais competitiva, afinal foi ele quem custeou a sobrevivência desta indústria. Acontece que o Estado brasileiro sempre foi cenário para a promoção de interesses de uma determinada elite. O Estado brasileiro não fez essa cobrança por que é a própria elite, e não vai mudar políticas industriais ao menos que estas lhe sejam convenientes. Ou seja, a elite empresarial, é sempre foi muito bem representada no ambiente governamental, representada por ela mesma.

Outros países como a Coréia do Sul, tiveram, alem do padrão de industrialização que se voltou ao mercado externo, a ação do Estado, em não apenas subsidiar, mas também fiscalizar a efetividade do que se propõe as políticas industriais. No Brasil isso não ocorreu, pois iria de contra aos interesses da elite.

A abertura comercial em 1990 e depois a estabilização monetária em 1994, não contrariam este fato, pois como dizem por aí “uns se mexem com a cenoura na frente, outros com ela atrás”. A abertura comercial e estabilização ao contrario do que parece é “a cenoura na frente”. Foi na verdade de encontro com os interesses da elite nacional.
Essas medidas viabilizaram a reestruturação produtiva e aumento da produtividade. Melhoras condicionadas pelo alargamento do horizonte temporal das empresas, que foi possível pela estabilidade monetária, a redução drástica da inflação. Inflação que, alias, em grande medida era culpa da própria comunidade empresarial, ao atuarem no mercado financeiro, eram beneficiadas pela inflação. A atividade principal de muitas empresas industriais, era neste período, o mercado financeiro, preferiam a atividade financeira a produtiva, apresentando capacidade ociosa, o que em um país com histórica demanda reprimida, representa uma grande contradição.

A elite empresarial se consolidou. Com a abertura comercial e estabilização muitas pequenas empresas foram extintas, beneficiando as grandes empresas. Alem disso, na medida em que estas empresas menores iam quebrando, sendo extintas, muitos trabalhadores eram demitidos, beneficiando novamente a elite empresarial, que pode contar com aumento ponderável do exercito de reserva.
A abertura comercial e estabilização não representaram efetivamente, melhorar o padrão competitivo nacional, foi mais uma forma de descartar empresas menores, possibilitar a reestruturação produtiva organizacional, principalmente, pela grande disponibilidade de mão-de-obra, e pela terceirização de parte do processo produtivo ,bem como, pela importação de partes e componentes tornados mais baratos pela sobrevalorização do real.

Claro que no pós abertura e estabilização, houve naquele momento grande modernização, não só das empresas nacionais sobreviventes, mas também trazida pelas multinacionais que aqui se instalaram, atraídas pelas excelentes oportunidades: privatização dos “sauros” e preços vantajosos das empresas em dificuldades. Mas, passados quase 20 anos da abertura e 15 da estabilização, a elite empresarial continua a ser protegida da concorrência externa, sob a alegação de preservação dos empregos por ela gerada, o que esconde o verdadeiro motivo do proteger os seus lucros. Alem do que as empresas, ainda apresentam padrões que ficam muito aquém dos internacionais. Isso porque não lhe é conveniente modernizar, pois representa custo que julgam desnecessários, já que tem o mercado nacional protegido.

Não podemos defender aqui a retirada de barreiras do mercado brasileiro, pois isso resultaria certamente em desemprego, mas que o argumento recorrente, de defender os empregos, não é o motivo pelo qual o mercado nacional é protegido.

Com relação ao padrão de industrialização brasileira, diante destas expositivas acima, não parece ser o principal problema do atraso brasileiro. Afinal, quando a indústria esta voltada ao mercado nacional, em um momento de crise como este, pelo qual passa a economia mundial, o país tem melhores condições de enfrentamento, pois depende de fatores que lhe é interno, assim tendo o país maiores domínios sobre os fatores que afetam sua economia.

(*) Estudante do 8º período de Ciências Econômicas – Faculdades Integradas Santa Cruz. - Inove.

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